Quero cortar o cabelo. Um corte radical. Quero saír e beber até não poder mais. Quero gritar no meio da rua até que os vizinhos venham á janela com baldes de água p'ra me mandar calar. Quero rir ás gargalhadas, rir até chorar. Rir até ao ponto em que já não sei de que me estou a rir e com isto rir ainda mais. Quero ficar sentada na berma da estrada num dia de sol a sentir o sol aquecer-me. Quero ir á praia e dar um mergulho toda vestida. Quero passar a tarde num café
com elas e fumar dois massos seguidos. Quero deitar-me na estrada a contar as estrelas
com ele.
Quero isso e muito mais.
Mas acima de tudo quero chegar a casa de mansinho, em bicos de pés e ter-te à minha espera com cara de má, pronta para me pores a chorar com os teus sermões que me deixam a tremer.
Aí eu apenas vou sorrir. Talvez te sintas confusa com isso, mas sei que lá no fundo já foste como eu e sabes a verdade.
A verdade é que... não me arrependo de nenhum destes momentos parvos e estúpidos da minha vida. Pois tenho a mais pura das certezas que são eles que vão permanecer na minha memória
para sempre e me vão fazer sorrir quando mais ninguém consegue.
Sim posso-me vir a arrepender um dia mais tarde, mas... se for o caso, sou eu que vou aprender com as minhas cabeçadas. E nesse momento quando me sentir cansada, culpada ou magoada, sei que vais estar lá. E por isso obrigada. Mas há momentos que tenho de
ser eu.
Aquela adolescente parva que só faz palhaçadas para os amigos.